terça-feira, 31 de março de 2009

"Me senti nua..."

Em entrevista a revista Marie Claire (março 2009), a ministra Dilma Rousseff abriu um pouco as cortinas da sua vida íntima. Diz que se sentiu nua quando a imprensa começou a vasculhar sua vida pessoal e fala que preferia os tempos em que os homens cortejavam as mulheres. “Acho que esse negócio de ficar não funciona bem para nós “e diz que é a favor da legalização do aborto.
Todos conhecem o seu passado. Foi presa pela ditadura e torturada. “Tomei choques em várias partes do corpo, inclusive nos bicos dos seios. Tive até hemorragia. Depois de apanhar, era jogada nua em um banheiro, suja de urina e fezes. Tremia de frio até que a sessão de tortura começasse novamente.”
Perguntada de como se sentia sendo uma celebridade, diz que “no início foi mais difícil e levei um tempo para entender tudo isso. É como se eu fosse uma tartaruga e tivessem extraído minha casca. Isso é a nudez. É uma desproteção diante do mundo, só que momentânea. E acho que não tem maiores consequências, sabe?”
Dilma também fez comentários sobre a sua geração: “A afirmação de independência era forte pra gente. Fomos a primeira geração que viveu a experiência de sair de casa, trabalhar. Vivíamos em meio a colchões e almofadas. Ah, o mundo dos colchões e das almofadas... E não ousávamos também ter filhos. Fui mãe aos 28 anos, que era tarde para minha época. A gente dizia que toda mulher queria casar e ser feliz para sempre em tom de ironia, mas no fundo é o que a gente quer mesmo. Essa é a eterna busca”.
Sobre religião: “Fui batizada na Igreja católica, mas não pratico. Mas, olha, balançou o avião, a gente faz uma rezinha [risos]. Tenho uma relação muito forte com Nossa Senhora, decorrente da minha formação em um colégio de freiras”.
Dilma foi casada duas vezes, tem uma filha de 31 anos, mas hoje está sozinha. Ela falou da solidão: “Não sou sozinha, não. Sou muito bem acompanhada. Me sinto muito bem comigo mesma. Pra gente se sentir só, precisa estar muito carente. Não se fica sozinha aos 60. Ficamos sozinhas aos 30.”

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