quinta-feira, 9 de abril de 2009

Monica Lewinsky - A patricinha de Beverly Hills


Do ponto de vista visual, o escândalo fez bem a Monica Lewinsky. Ela cortou o cabelão antiquado e tirou a franja, o que destacou as sobrancelhas de Elizabeth Taylor (depiladas por uma das melhores especialistas de Los Angeles, a terra das estrelas). Também melhorou o guarda-roupa, que passou a ser composto de tailleurs bem cortados, destinados a disfarçar os quilos a mais tão obsessivamente anotados pelos americanos (a preconceituosa pergunta subjacente é: como o presidente foi se envolver com essa gordinha?). O visual sofisticado, explorado nas fotos que Monica fez para a revista Vanity Fair, mascara ainda mais o fato de que a mulher no epicentro do turbilhão que ameaçou engolir a carreira política de Bill Clinton tem apenas 25 anos — estava com 21 quando começou o alegado caso com o presidente. Que mulher é essa? Nos últimos sete meses, o promotor Kenneth Starr e os arapongas do FBI vasculharam a vida de Monica atrás de pecados do passado. Revistaram seu apartamento, mexeram nas roupas íntimas atrás do famoso vestido manchado de sêmen e até trouxeram para interrogatório uma amiga de infância que mora no Japão. A imprensa americana fez outro tanto, entrevistando cada vizinho, professor ou conhecido. O resultado é decepcionante para quem esperava uma alma de femme fatale, protótipo da sereia sedutora que arrasta os homens para a destruição desde o início dos tempos.
Ao contrário, o retrato que se esboça é da pobre menina rica, insegura, coração carente de afeto e cabecinha vazia, fascinada por homens em posição de poder e disposta a usar a arma mais óbvia — o sexo — para conquistar um lugar entre eles. Filha de médico, dono de clínicas de tratamento de câncer, Monica foi criada em Beverly Hills, o bairro dos ricaços de Los Angeles. No passado recente, seria chamada de "princesa judia" — meninas ricas, mimadas e cobertas de privilégios. Como a expressão é politicamente incorreta nos Estados Unidos, poderia ser substituída por "patricinha de Beverly Hills" (o original título brasileiro do filme com Alicia Silverstone). Com a mãe, Marcia Lewis, socialite deslumbrada e plastificada, Monica compartilhava confidências e a atração por homens famosos. Marcia só conseguiu insinuar um romance inexistente com o tenor Plácido Domingo. Monica capturou em seu radar o presidente dos Estados Unidos. Não quis explorar o caso, como tantas outras, mas falou demais com as amigas. Que patricinha resistiria a isso?


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